Terapia em Grupo: filme Volver

Terapia em Grupo: filme Volver – Volver e as Máscaras do Eu: Entre Silêncios Herdados e Desejos Retornados 


1. A escuta no grupo: quando o eu se apresenta entre máscaras e flores

No primeiro encontro do Grupo de Terapia Online para Mulheres, partimos da pergunta: Quem sou eu hoje?. A proposta era simples, mas exigente: que cada participante escolhesse uma flor para falar de si. E ali, entre margaridas, lírios, amarylis e dentes-de-leão, emergiram narrativas costuradas por força e fragilidade, por desejo de se mostrar e medo de ser vista.

As participantes revelaram, com delicadeza e coragem, que a identidade não é uma essência a ser descoberta, mas uma construção viva, marcada por silêncios, exigências herdadas e tentativas de reinvenção. O grupo se mostrou como um espelho onde cada uma pôde ver a si mesma refletida na palavra da outra.

Neste contexto, trouxemos o filme Volver como símbolo do que retorna: o passado que nunca passa; a mulher que se reinventa; o silêncio que grita por elaboração.


2. Terapia em Grupo: filme Volver (2006) – Sinopse

Terapia em Grupo: filme Volver – Dirigido por Pedro Almodóvar, Volver narra a história de Raimunda (Penélope Cruz), uma mulher forte que enfrenta uma série de desafios: a morte do marido, o cuidado com a filha adolescente e o súbito retorno da mãe, Irene, que todos acreditavam estar morta.

Ambientado em La Mancha, entre ventos, tradições e cemitérios vivos, o filme se constrói em camadas: relações maternas, abusos encobertos, cumplicidades femininas e fantasmas do passado que insistem em aparecer. Mas Volver não é um drama sobre morte: é um canto sobre o poder da vida que resiste. A mulher que “volta” é símbolo de algo que precisa ser dito — mesmo que tardiamente.


3. Uma leitura psicanalítica de Volver: o que retorna do recalcado

Do ponto de vista freudiano, Volver é um estudo delicado sobre o retorno do recalcado (das Wiederkehren des Verdrängten). A mãe que reaparece não é apenas personagem: é metáfora do passado não simbolizado, do trauma encoberto, da verdade que, por não ter sido dita, insiste em se repetir.

O filme aborda o recalque e seus efeitos: abusos silenciados, segredos familiares, culpa herdada. As personagens encenam o drama do supereu materno, da idealização e da castração simbólica, enquanto tentam ressignificar seus papéis — como filhas, mães e mulheres. Raimunda, especialmente, carrega a tarefa psíquica de romper o ciclo da repetição: cuidar da filha sem repetir o destino trágico da própria infância.

Além disso, há uma questão profunda de identidade. Raimunda, para sobreviver, constrói máscaras: da mulher forte, da empreendedora, da mãe incansável. Mas o filme convida a outra coisa: olhar para o que está por trás dessas imagens, onde o desejo, a dor e o amor ainda respiram — mesmo sufocados.


4. Perguntas para autoreflexão: quando o passado insiste em voltar

O filme, assim como o grupo terapêutico, convida cada mulher a olhar para si sem pressa, sem medo, sem precisar estar pronta. A seguir, deixamos algumas perguntas que podem ser utilizadas como exercício de escrita, fala ou contemplação silenciosa:

  • Quando penso em mim mesma hoje, qual parte da minha história ainda tento esconder ou reinventar?
    Como Volver, há algo em mim que volta, mesmo quando tento seguir em frente?

  • O que me foi ensinado a calar, mesmo que doa?
    Há segredos herdados, silêncios familiares, palavras não ditas que ainda me atravessam?

  • Que “máscara” precisei vestir para sobreviver em minha família ou relacionamentos?
    E o que existe por trás dela, que talvez ainda não pude mostrar?

  • Existe alguma mulher da minha história que ainda habita meus gestos, minhas escolhas ou minhas feridas?
    A mãe, a avó, a tia, a irmã: quem permanece viva em mim, mesmo sem estar presente?

  • O que em mim deseja voltar — mesmo quando tento esquecer?
    Um desejo recalcado, uma dor não simbolizada, um afeto não vivido?

Essas perguntas não exigem respostas imediatas. Elas convocam escuta. E talvez, como no filme, o simples ato de dar voz ao que ficou enterrado seja o primeiro passo para reescrever o próprio destino.


Considerações: Terapia em Grupo: filme Volver

Volver nos mostra que toda mulher é atravessada por histórias que desejam voltar: fantasmas não resolvidos, desejos não vividos, palavras não ditas. A terapia em grupo, ancorada na psicanálise freudiana, oferece um espaço de escuta onde essas vozes podem finalmente ser escutadas — sem pressa, sem julgamento, mas com presença.

A frase-chave deste artigo é: psicanálise freudiana e identidade feminina. Que ela ressoe como convite à elaboração simbólica de tudo aquilo que retorna pedindo sentido.

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por Leonid R. Bózio
Brasília,  de 2025 anno Domini

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