Sigmund Freud: o inconsciente

O Inconsciente
Artigo principal: Mente Inconsciente
O conceito do inconsciente desempenhou um papel central na explicação de Freud sobre a mente. Freud acreditava que, embora poetas e pensadores há muito reconhecessem a existência do inconsciente, ele garantira seu reconhecimento científico no campo da psicologia.

Freud afirmava explicitamente que seu conceito inicial do inconsciente baseava-se na teoria da repressão. Ele postulava um ciclo no qual as ideias eram reprimidas, permaneciam na mente fora da consciência, mas operantes, reaparecendo na consciência sob certas circunstâncias. Esse postulado derivava da investigação de casos de histeria, que revelavam comportamentos em pacientes inexplicáveis sem referência a ideias ou pensamentos dos quais não tinham consciência, mas que a análise revelava estar ligados a cenários sexuais reais ou imaginários reprimidos da infância. Nas reformulações posteriores do conceito de repressão em seu artigo de 1915, ‘Repressão’ (Edição Padrão XIV), Freud introduziu a distinção no inconsciente entre repressão primária, ligada ao tabu universal do incesto (‘inerentemente presente originalmente’), e repressão (‘após expulsão’), um produto da história de vida individual (‘adquirido no curso do desenvolvimento do ego’), onde algo que foi consciente em algum momento é rejeitado ou eliminado da consciência.

Ao descrever o desenvolvimento e modificação de sua teoria dos processos mentais inconscientes em seu artigo de 1915, ‘O Inconsciente’ (Edição Padrão XIV), Freud identifica as três perspectivas que utiliza: a dinâmica, a econômica e a topográfica.

A perspectiva dinâmica aborda, em primeiro lugar, a constituição do inconsciente pela repressão e, em segundo lugar, o processo de “censura” que mantém pensamentos indesejados, causadores de ansiedade. Aqui, Freud baseia-se em observações de seu trabalho clínico inicial no tratamento da histeria.

Na perspectiva econômica, o foco está nas trajetórias dos conteúdos reprimidos (“as vicissitudes dos impulsos sexuais”) enquanto passam por transformações complexas no processo de formação de sintomas e no pensamento inconsciente normal, como em sonhos e lapsos de língua. Esses foram temas explorados detalhadamente em “A Interpretação dos Sonhos” e “A Psicopatologia da Vida Cotidiana”.

Enquanto as duas perspectivas anteriores concentram-se no inconsciente prestes a entrar na consciência, a perspectiva topográfica representa uma mudança em que as propriedades sistêmicas do inconsciente, seus processos característicos e modos de operação, como Condensação e Deslocamento, são destacados.

Essa “primeira topografia” apresenta um modelo de estrutura psíquica composto por três sistemas:

1. O Sistema Ucs – o inconsciente: mentação de “processo primário” governada pelo princípio do prazer, caracterizada por “isenção de contradição mútua, mobilidade de catexias, atemporalidade e substituição da realidade externa pela psíquica.” (‘O Inconsciente’ (1915) Edição Padrão XIV).

2. O Sistema Pcs – o pré-consciente, no qual as representações inconscientes do processo primário são vinculadas pelos processos secundários da linguagem (representações de palavras), um requisito para tornarem-se disponíveis à consciência.

3. O Sistema Cns – pensamento consciente governado pelo princípio da realidade.

Em seus trabalhos posteriores, especialmente em “O Ego e o Id” (1923), uma segunda topografia é introduzida, compreendendo id, ego e super-ego, sobreposta à primeira sem substituí-la. Nessa formulação posterior do conceito do inconsciente, o id compreende um reservatório de instintos ou impulsos, parte deles sendo hereditários ou inatos, e parte reprimidos ou adquiridos. Assim, da perspectiva econômica, o id é a principal fonte de energia psíquica, e da perspectiva dinâmica, entra em conflito com o ego e o super-ego, que, geneticamente falando, são diversificações do id.

Sigmund Freud, psicanalista

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