Recalque Secundário ou recalque propriamente dito: é um conceito central na teoria psicanalítica desenvolvida por Sigmund Freud. Ele desempenha um papel na dinâmica da vida psíquica, especialmente no que se refere ao surgimento de sintomas neuróticos e ao conflito entre desejos inconscientes e as exigências do superego e da realidade. Neste artigo, exploraremos o que é o recalque propriamente dito ou secundário, como ele se diferencia do recalque originário e sua importância na compreensão dos processos mentais inconscientes.
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O que é o Recalque Secundário?
O corre após a formação do recalque originário, que é o processo pelo qual o ego impede que certos conteúdos mentais entrem na consciência por serem considerados inaceitáveis ou ameaçadores. Enquanto o recalque originário é responsável por colocar esses conteúdos (geralmente relacionados a impulsos sexuais ou agressivos) fora da consciência, o recalque secundário reforça essa exclusão ao longo da vida psíquica.
Nesse processo, quando um conteúdo reprimido ameaça retornar à consciência — por meio de associações, sonhos ou sintomas — o recalque secundário atua para manter esses conteúdos afastados, protegendo o indivíduo de sentimentos de angústia. A repetição desse mecanismo é parte essencial da dinâmica de repressão que molda o inconsciente e as manifestações neuróticas.
Diferença entre Recalque Originário e Recalque Secundário
Uma distinção importante a ser feita é entre o recalque originário e o secundário. Enquanto o recalque originário ocorre nos primeiros anos de vida e marca o início da formação do inconsciente, o recalque propriamente dito é um processo contínuo que ocorre ao longo da vida. Ele lida com novos conteúdos psíquicos que entram em conflito com as normas internalizadas (superego) ou com a realidade externa.
No recalque originário, o material psíquico reprimido ainda não foi propriamente constituído em linguagem ou representações claras; são traços inconscientes primordiais. No recalque secundário, por outro lado, as representações já formadas (por exemplo, desejos ou ideias moralmente inaceitáveis) são reprimidas após terem sido parcialmente reconhecidas pela consciência.
O Funcionamento do Recalque Propriamente Dito na Vida Psíquica
Freud acreditava que o recalque secundário desempenha um papel fundamental na vida psíquica, mantendo a ordem interna e evitando que impulsos inaceitáveis causem sofrimento. No entanto, esse mecanismo pode ser disfuncional quando o conteúdo reprimido encontra outras formas de expressão, como nos sintomas neuróticos.
Os sintomas, segundo Freud, são expressões disfarçadas de desejos reprimidos. O recalque não elimina o conteúdo indesejado, mas o força a se manifestar de formas distorcidas. Assim, a psicanálise busca desvelar esses conteúdos reprimidos, ajudando o paciente a tomar consciência do que foi recalcado e, consequentemente, aliviar os sintomas neuróticos.
O Recalque Secundário e o Processo Psicanalítico
O trabalho psicanalítico é, em grande parte, uma tentativa de superar o recalque secundário. A técnica da livre associação, por exemplo, convida o paciente a dizer tudo o que lhe vier à mente, permitindo que o analista detecte pistas sobre os conteúdos reprimidos. Ao trazer à tona o que foi recalque, o processo terapêutico visa integrar esses elementos à vida consciente, diminuindo o impacto dos conflitos inconscientes na saúde mental do indivíduo.
Considerações
O recalque secundário é um dos pilares da teoria freudiana, ajudando a compreender como o inconsciente se forma e se mantém ao longo da vida. Ele é essencial para entender a dinâmica psíquica que leva à formação de sintomas e a estruturação do inconsciente. Ao explorar esse mecanismo, a psicanálise se propõe a liberar o sujeito das forças que o mantêm aprisionado nos conflitos psíquicos inconscientes.
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por Leonid R. Bózio
Brasília, de 2024 anno Domini
Fonte: Dicionário de psicanálise por Michel Plon e Elisabeth Roudinesco
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