Psicanálise e seus pródromos

Psicanálise e pródromos da Histórica da Psicanálise: A psicanálise, ao longo dos séculos, passou por uma rica evolução, desde práticas primitivas e religiosas até tornar-se uma ciência complexa que influencia diversas áreas do saber. Abaixo, destacamos os principais marcos dessa trajetória, organizados em períodos históricos:

Período Pré-Histórico

No início da humanidade, as doenças mentais eram vistas sob um prisma místico e sobrenatural. Para entender a mente, nossos ancestrais recorriam a práticas como:

  • Trepanação craniana: Buracos eram perfurados no crânio com a crença de liberar espíritos malignos.
  • Exorcismos e magia: Relacionadas à possessão por entidades espirituais, práticas mágicas e rituais religiosos eram comuns.
  • Relatos bíblicos: A Bíblia traz passagens onde o sofrimento psíquico é abordado, revelando uma preocupação antiga com a saúde mental.
  • Tratamento brutal: Pessoas com distúrbios mentais eram frequentemente estigmatizadas, encarceradas e expostas ao público.

Período dos Pródromos Científicos

Entre os séculos XVIII e XIX, o pensamento sobre saúde mental começou a se afastar do misticismo e avançou para abordagens mais científicas. Este foi o ponto de partida para o desenvolvimento da psiquiatria moderna.

  • Nascimento da psiquiatria: No século XVIII, figuras como Philippe Pinel e Jean-Étienne Esquirol começaram a tratar os doentes mentais com maior dignidade, inaugurando o “tratamento moral” que buscava humanizar a assistência psiquiátrica.
  • Hipnotismo e sugestão: No final do século XIX, Jean-Martin Charcot e Josef Breuer exploraram o uso do hipnotismo como forma de tratar distúrbios psíquicos, preparando o terreno para Freud.
  • Freud e o inconsciente: Sigmund Freud propôs uma revolução ao investigar o inconsciente como um campo dinâmico da mente, desenvolvendo a técnica da associação livre para acessar o conteúdo reprimido.

A Psicanálise como sistematização para a compreensão da mente

Freud foi pioneiro ao sistematizar a psicanálise como uma abordagem teórica e clínica para a compreensão da mente. Suas principais contribuições incluem:

  • Teorias de Freud: Freud introduziu conceitos como a teoria da libido, os modelos topográfico (consciente, pré-consciente e inconsciente) e estrutural (id, ego e superego), além de ideias como o complexo de Édipo e a interpretação dos sonhos.
  • Pós-freudianos: Pensadores como Carl Jung, Alfred Adler e Melanie Klein diversificaram a psicanálise ao desenvolver teorias próprias sobre o inconsciente e a dinâmica das relações humanas.
  • Ramificações: A partir de Freud, a psicanálise se expandiu em várias direções, dando origem a escolas como a psicologia do ego, a psicologia do self e a psicanálise kleiniana.

Linha do Tempo e Contribuições Principais

  • Antiguidade: Neste período, as práticas para tratar doenças mentais estavam profundamente enraizadas em crenças místicas e religiosas. Técnicas como trepanação craniana, exorcismos e rituais mágicos eram comumente usadas para expulsar os “espíritos malignos” que se acreditava serem responsáveis por distúrbios mentais. Esse tratamento, muitas vezes brutal, refletia a falta de compreensão sobre o funcionamento da mente.
  • Século XVIII: A era do tratamento moral surge com figuras como Philippe Pinel e Jean-Étienne Esquirol, que defenderam uma abordagem mais humana e compassiva para o cuidado dos doentes mentais. Eles introduziram a ideia de que as doenças mentais não eram punições divinas ou possessões, mas condições médicas que poderiam ser tratadas com respeito e dignidade, marcando o início de uma visão mais científica e humanista da saúde mental.
  • Final do século XIX: Sigmund Freud fez uma contribuição revolucionária ao explorar o inconsciente. Ele desenvolveu técnicas como a associação livre e a interpretação dos sonhos, que buscavam revelar os desejos e traumas reprimidos. Seu trabalho introduziu conceitos como o complexo de Édipo, e ele elaborou teorias abrangentes sobre a mente, como a teoria da libido e o modelo topográfico da psique.
  • Início do século XX: A psicanálise se expande com a contribuição de Carl Jung, Alfred Adler e Melanie Klein, que divergiram de Freud em várias áreas. Jung introduziu conceitos como o inconsciente coletivo, enquanto Adler focou nas dinâmicas de poder e na inferioridade como forças motivadoras. Klein desenvolveu teorias relacionadas às relações objetais e à experiência infantil precoce, trazendo novas perspectivas ao campo.
  • Meados do século XX: A psicanálise se ramifica em novas escolas teóricas, como a psicologia do ego com Heinz Hartmann, que expandiu o entendimento da adaptação da mente ao ambiente, e a psicologia do self com Heinz Kohut, que destacou a importância do narcisismo no desenvolvimento do self. Jacques Lacan, por outro lado, trouxe o estruturalismo para a psicanálise, redefinindo a abordagem linguística e simbólica da mente.
  • Final do século XX: Novos desenvolvimentos surgem com a obra de Donald Winnicott e Wilfred Bion. Winnicott contribuiu com a noção de desenvolvimento emocional primitivo, enfatizando a importância do cuidado materno e do ambiente no desenvolvimento infantil. Bion, por sua vez, inovou com suas teorias sobre a relação entre o pensamento e as emoções, particularmente em relação ao desenvolvimento de capacidades mentais em ambientes emocionais perturbadores.

Considerações:

A psicanálise atravessou inúmeras fases, desde as práticas mais rudimentares até a construção de um saber que continua a influenciar áreas como a psicologia, psiquiatria e as ciências humanas. Seu foco no inconsciente e nas relações interpessoais permanece central, e novas abordagens e teorias surgem continuamente, expandindo o campo.

Fonte: Manual de Técnica Psicanalítica: Uma Re-Visão por David E. Zimerman

 

por Leonid R. Bózio
Brasília, final do suposto inverno, em período de fogo no cerrado de 2024 anno Domini

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