O Retorno do Recalcado – Inconsciente Persiste na Consciência: No universo da psicanálise, o conceito é essencial para compreendermos o modo como o inconsciente se manifesta. Proposto por Freud, esse processo revela como conteúdos inconscientes “indestrutíveis” tentam retornar à consciência, mesmo após serem reprimidos. Neste artigo, vamos explorar o que é o retorno do recalcado, como ele ocorre e por que é tão relevante para a psicanálise freudiana.
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O Que é o Retorno do Recalcado?
Freud definiu o recalque como o mecanismo que mantém certos conteúdos fora da consciência por meio de uma “barreira psíquica”. Esses elementos reprimidos, no entanto, não desaparecem; eles tendem a retornar, mesmo que de maneira distorcida, por vias indiretas. O retorno do recalque é, portanto, um mecanismo pelo qual conteúdos inconscientes encontram formas alternativas de se expressar, muitas vezes através de sonhos, atos falhos, sintomas neuróticos e até manifestações delirantes.
Freud e a “Indestrutibilidade” dos Conteúdos Inconscientes
Freud reforçava a ideia de que conteúdos reprimidos nunca são realmente aniquilados, mas permanecem na psique. De acordo com ele, os elementos recalcados tentam incessantemente retornar à consciência. Este retorno se manifesta como formações de compromisso entre o recalcado e o recalcante, ou seja, entre o que foi reprimido e o que reprime, resultando em manifestações difíceis de identificar, como lapsos de memória, fantasias e sintomas neuróticos.
Formação de Compromisso: Como o Retorno do Recalcado se Manifesta
O retorno do recalcado ocorre por meio de uma “formação de compromisso”, onde a expressão do inconsciente se disfarça para ultrapassar a barreira do recalque. Freud ilustra esse conceito com o exemplo do asceta que, ao tentar reprimir a tentação, transforma a imagem do crucifixo em uma mulher nua. Essa imagem de substituição mostra como o recalcado encontra formas alternativas de se expressar, contornando a censura interna.
Evolução do Conceito na Obra de Freud
Em sua obra “Delírios e Sonhos na Gradiva”, Freud sugere que o retorno do recalcado segue os mesmos caminhos associativos usados no processo de recalque, o que tornaria as duas operações simétricas. No entanto, ele mais tarde revisa essa ideia, considerando o retorno do recalcado um mecanismo independente e específico. No ensaio “O Recalque” de 1915, Freud propõe que o retorno do recalcado é um estágio posterior ao recalque inicial e ocorre através de mecanismos de deslocamento, condensação e conversão, especialmente nas neuroses.
Fatores que Facilitaram o Retorno do Recalque
Freud também identificou condições para este retorno, entre elas, estão o enfraquecimento do contra-investimento (a barreira que impede o conteúdo de retornar), o aumento da pressão pulsional, como na puberdade, e a presença de eventos atuais que possam “reavivar” o material reprimido.
Considerações
O retorno do recalcado continua sendo uma das chaves para a interpretação de sintomas e comportamentos na psicanálise. Esse processo revela a persistência dos conteúdos inconscientes e reforça a importância de entender o inconsciente como uma força ativa, que, mesmo suprimida, busca constantemente expressão. A compreensão do retorno do recalcado é fundamental para qualquer análise psicanalítica, pois nos permite desvelar os caminhos pelos quais o inconsciente influencia a consciência.
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por Leonid R. Bózio
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