O Que é o Recalque na Psicanálise de Freud?

O Que é o Recalque na Psicanálise de Freud? O recalque, um dos pilares da psicanálise freudiana, desempenha um papel crucial na compreensão do funcionamento psíquico. Ele se refere ao processo de manter no inconsciente ideias e representações ligadas às pulsões, cuja manifestação traria desprazer e desequilibraria o funcionamento psicológico do indivíduo. Neste artigo, vamos explorar a teoria do recalque segundo Sigmund Freud, sua evolução, e sua importância na estrutura da psicanálise.

Definição de Recalque

Na linguagem comum, o recalque refere-se ao ato de impedir ou reprimir algo ou alguém. Contudo, na psicanálise, esse conceito adquire um significado mais profundo. Para Freud, o recalque é um mecanismo de defesa que mantém fora da consciência certos pensamentos, memórias e desejos que provocariam desconforto se acessados. Ele é um processo dinâmico que impede o desenvolvimento de desprazer, mas nunca de forma definitiva.

A Origem do Conceito

Embora Freud tenha desenvolvido a teoria do recalque, ele reconheceu que não foi o primeiro a abordar essa ideia. Em suas publicações, ele citou influências de filósofos como Arthur Schopenhauer, que discute a “repulsa” por aspectos dolorosos da realidade, e Friedrich Nietzsche, que utilizou o termo “inibição”. A ideia de recalque também aparece nos trabalhos de Johann Friedrich Herbart e Theodor Meynert, mestres de Freud.

A Teoria Freudiana do Recalque

O recalque foi introduzido por Freud em 1896, e é constitutivo do núcleo do inconsciente. Ele lida com os representantes das pulsões (imagens ou ideias), que, apesar de recalcados, permanecem ativos no inconsciente. O recalque não elimina esses conteúdos, mas os desloca, e seu retorno pode ocorrer em forma de sintomas, como sonhos e atos falhos. Freud distingue três fases do recalque:

  1. Recalque originário – A primeira rejeição do inconsciente de lidar com certos conteúdos pulsionais.
  2. Recalque propriamente dito ou secundário– Quando conteúdos recalcados do inconsciente permanecem ativos, prontos para retornar à consciência.
  3. Retorno do recalcado – Quando os conteúdos recalcados se manifestam em forma de sintomas ou formações de compromisso.

Recalque e Defesa

No início de suas formulações, Freud usou os termos recalque e defesa de maneira quase intercambiável. Contudo, ao longo do tempo, a distinção entre esses conceitos foi ficando mais clara. Defesa refere-se a uma tendência geral de evitar o desprazer, enquanto o recalque é um mecanismo específico que lida com as pulsões.

Recalque na Segunda Tópica

Na segunda tópica freudiana, desenvolvida a partir da década de 1920, o recalque é relacionado à parte inconsciente do ego. Aqui, Freud conecta o recalcado com o isso (id), uma parte do aparelho psíquico que inclui os impulsos mais primitivos e instintivos. O recalque também envolve a resistência, que dificulta a liberação desses conteúdos recalcados na consciência.

Importância do Recalque na Psicanálise

Para Freud, a teoria do recalque é o fundamento sobre o qual repousa todo o edifício da psicanálise. Ela não é apenas um pressuposto, mas um resultado empírico que pode ser observado e repetido na análise de pacientes neuróticos. O recalque é um mecanismo que explica como memórias traumáticas ou desejos inaceitáveis são reprimidos, mas ainda assim exercem influência sobre o comportamento e o pensamento do indivíduo.

Considerações sobre: O Que é o Recalque na Psicanálise de Freud?

O recalque é uma peça central na psicanálise de Freud, explicando como os desejos inconscientes são mantidos fora da consciência, mas continuam a influenciar nossas ações e emoções. Seu estudo é essencial para entender não apenas a psicanálise, mas também a complexidade do funcionamento psíquico humano. Freud afirmou que a teoria do recalque é uma conquista do trabalho psicanalítico, e sua compreensão ajuda a desvendar os mistérios do inconsciente.

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por Leonid R. Bózio
Brasília, na primavera de de 2024 anno Domini

Fonte: Dicionário de psicanálise por Michel Plon e Elisabeth Roudinesco