O Conceito de Id em Freud: O Reservatório de Impulsos Instintivos e Desejos

Sigmund Freud, o pai da psicanálise, concebeu o id como a fonte inconsciente de todas as necessidades, impulsos emocionais e desejos inatos, incluindo a pulsão sexual. O id é a parte mais primitiva e obscura da personalidade humana, funcionando à margem da razão e da lógica consciente. Descrito por Freud como “a parte sombria e inacessível da nossa personalidade”, o id não possui organização ou vontade coletiva; ele apenas exige a gratificação imediata de seus instintos, guiado pelo princípio do prazer.

Essa parte da psique é caracterizada pela ausência de julgamento de valor. O id não conhece conceitos de certo e errado, nem leva em consideração as normas morais. Freud descreve o id como sendo alheio ao tempo e à negação, ou seja, impulsos contraditórios podem coexistir sem se anularem. Não há, portanto, nenhum processo racional que organize esses impulsos; o id apenas busca a liberação imediata de suas energias instintivas.

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O Desenvolvimento do Id e sua Relação com o Ego

Do ponto de vista do desenvolvimento psíquico, o id precede o ego. Ele consiste nos impulsos instintivos básicos que estão presentes desde o nascimento e são governados exclusivamente pelo prazer. À medida que a psique se desenvolve, uma parte do id evolui para formar o ego, que considera a realidade e ajuda o indivíduo a navegar no mundo de maneira mais organizada e consciente.

Para Freud, o id é o grande reservatório de libido, a energia dos desejos, que se manifesta em comportamentos como a sexualidade, o ato de alimentar-se e o cuidado materno. Essa libido é comparada ao conceito de Eros, o desejo universal, que permeia todas as formas de vida, buscando constantemente rejuvenescer e compensar os processos de decadência biológica. O metabolismo e a reprodução são exemplos dessas pulsões de vida, que atuam para preservar e renovar a vida orgânica.

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O Papel das Pulsões de Vida e de Morte

Além da pulsão de vida (Eros), Freud postulou a existência de uma pulsão de morte, conhecida como Thanatos. Esse instinto tem um efeito destrutivo, buscando “levar a vida orgânica de volta ao estado inanimado”. Para Freud, a pulsão de morte se manifesta, em parte, como um instinto de destruição, dirigido tanto contra o mundo externo quanto contra outros organismos, expressando-se através da agressividade.

Assim, Eros e Thanatos são vistos como forças fundamentais que coexistem no id. Embora possam parecer incompatíveis, essas pulsões operam juntas para garantir a sobrevivência e regeneração dos organismos. Por exemplo, a digestão de alimentos requer a decomposição de suas moléculas, processo que envolve a destruição inicial para, em seguida, integrar os nutrientes ao corpo, garantindo sua regeneração. Freud comparou esse processo à atuação das duas forças primordiais do id: enquanto o Eros constrói, o Thanatos decompõe.

Considerações

O id freudiano representa uma parte essencial, mas invisível, da psique humana. Embora suas pulsões possam parecer primitivas ou irracionais, são elas que impulsionam o comportamento humano em níveis profundos e inconscientes. Por meio da articulação dessas forças básicas, Freud desenvolveu uma compreensão inovadora sobre o funcionamento da mente, destacando o papel do desejo, da agressividade e do impulso de vida e morte como forças motrizes da existência humana.

Este entendimento do id e suas relações com o ego e o superego revela a complexidade da mente humana e a constante tensão entre os desejos instintivos e as demandas da realidade.

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Fonte: Freud (1923-1925) – Obras completas volume 16: O Eu e o Id, “Autobiografia” e outros textos por Sigmund Freud

 

por Leonid R. Bózio
Brasília, no extremo período de seca da primavera de 2024 anno Domini