Livre Associação em outros autores: A técnica da livre associação é um dos pilares da psicanálise freudiana, desempenhando um papel fundamental na compreensão da mente inconsciente. Trata-se de um método que visa não apenas evocar memórias reprimidas, mas também revelar os conflitos internos que mantêm essas memórias soterradas na psique. Através da livre associação, o paciente expressa pensamentos, palavras ou imagens sem restrição, permitindo que o analista acesse aspectos inconscientes do psiquismo.
O Objetivo da Livre Associação na Psicanálise
A prática da livre associação busca desvelar conceitos e sentimentos que o analisando desenvolveu inconscientemente, incluindo:
- Transferência: a projeção involuntária de sentimentos de uma pessoa para outra, muitas vezes em relação ao terapeuta.
- Projeção: a atribuição de emoções, desejos ou motivações internas a outras pessoas ou situações externas.
- Resistência: a manutenção de bloqueios mentais contra a lembrança ou aceitação de determinados eventos ou ideias.
Esses conflitos, geralmente inconscientes, são responsáveis por sintomas psíquicos e emocionais. A livre associação funciona como uma chave para acessar esses conteúdos reprimidos, permitindo o contato com memórias afetivas inconscientes e promovendo a elaboração psíquica.
A Livre Associação freudiana e outros autores
Carl Jung e a Livre Associação
Carl Jung, em colaboração com Eugen Bleuler e outros colegas da Escola de Zurique, desenvolveu testes de associação de palavras para investigar a influência dos fatores emocionais na memória. Em 1906, esses testes demonstraram que emoções reprimidas podem interferir no processo de recordação. Freud reconheceu esse trabalho como uma ponte entre a psicologia experimental e a psicanálise, ampliando a validade da técnica da livre associação.
Sándor Ferenczi: A Dificuldade da Livre Associação
Embora Freud considerasse a livre associação uma técnica acessível, Sándor Ferenczi discordava. Ele argumentava que “o paciente não se cura com a livre associação, ele se cura quando pode, de fato, fazer livre associação”. Essa visão ressalta a importância de uma vivência autêntica do processo associativo, não apenas uma reprodução mecânica de pensamentos.
Jacques Lacan e o Trabalho Psíquico
Jacques Lacan reforçou a ideia de que a livre associação não é um simples fluxo de pensamentos, mas sim um trabalho psíquico ativo. Para Lacan, a análise através da livre associação exige um aprendizado que confere ao paciente um papel ativo no processo terapêutico.
O Papel da Livre Associação no Século XX e XXI
No final do século XX, psicanalistas passaram a reconhecer que a livre associação não ocorre imediatamente no início da análise. Alguns consideravam que o verdadeiro estabelecimento desse processo indicava um momento de maturidade da análise, podendo até marcar o encerramento da terapia.
A influência da livre associação também pode ser observada em testes projetivos, como:
- Teste de Rorschach: utiliza manchas de tinta para estimular associações subjetivas.
- Teste de Percepção Temática (TAT): criado por Christina Morgan e Henry Murray, explora narrativas criadas a partir de imagens ambíguas.
Embora o Teste de Rorschach tenha sido criticado, o TAT ainda é amplamente utilizado, especialmente na psicologia infantil.
Robert Langs e o Resgate da Livre Associação
Robert Langs enfatizou a importância de retornar à abordagem original de Freud, na qual a livre associação e o insight espontâneo do paciente são mais valorizados do que a interpretação direta do terapeuta. Para Langs, o papel do analista é facilitar um ambiente seguro para que o analisando explore livremente seu inconsciente.
Considerações sobre Livre Associação em outros autores
A livre associação permanece como uma das mais poderosas ferramentas da psicanálise, sendo essencial para a investigação dos desejos inconscientes e conflitos psíquicos. Sua evolução ao longo do tempo demonstra a riqueza e complexidade desse método, reforçando sua importância na compreensão da mente humana. Hoje, continua sendo uma técnica central na psicanálise, permitindo que indivíduos alcancem maior autoconhecimento e elaboração emocional.
Veja também:
Bibliografia
1. Jan Campbell, Psychoanalysis and the Time of Life
2. Ernest Jones, The Life and Works of Sigmund Freud
3. Freud, Introductory Lectures
4. Adam Phillips, On Flirtation
5. Jacques Lacan, Écrits: A Selection
6. Janet Malcolm
7. Kaplan, Robert; Saccuzzo, Dennis Psychological Testing
Fonte: Manual de Técnica Psicanalítica: Uma Re-Visão por David E. Zimerman
Conhece meus livros? estão disponíveis na AMAZON!
Agende sua sessão online! CLIQUE AQUI
por Leonid R. Bózio
Brasília, pandemia de 2021 anno Domini
Pingback: Psicanálise: Características da Livre Associação – Leonid R. Bózio psicanalista
Pingback: Livre Associação - Leonid R. Bózio psicanalista