Resumo do Capítulo “As relações entre os sonhos e as doenças mentais” de Freud
Freud dedica este capítulo a explorar as conexões entre os sonhos e os distúrbios mentais, apresenta três principais pontos de intersecção:
- Ligações etiológicas e clínicas: Freud argumenta que os sonhos podem ser tanto a causa quanto o reflexo de um estado psicótico; cita diversos casos em que sonhos angustiantes ou delirantes precederam o desenvolvimento de doenças mentais, sugerindo que o conteúdo onírico pode desencadear ou manifestar distúrbios psicológicos.
- Modificações da vida onírica em casos de doença mental: Durante e após episódios psicóticos, a natureza dos sonhos pode se alterar; destaca que, mesmo em períodos de recuperação, os sonhos podem ainda refletir os conteúdos e mecanismos da doença mental.
- Analogias intrínsecas entre sonhos e psicoses: A comparação entre sonhos e loucura é um tema recorrente na literatura médica. Freud destaca diversas semelhanças entre os dois fenômenos, como a suspensão da autoconsciência, a alteração da percepção, a desorganização do pensamento e a realização de desejos.
Destaques:
- Sonhos como precursores da psicose: Em alguns casos, sonhos intensos e perturbadores podem sinalizar o início de um distúrbio mental.
- Sonhos como reflexo da doença: O conteúdo dos sonhos pode refletir os sintomas e temáticas presentes na doença mental.
- Semelhanças entre sonhos e psicoses: Freud e outros autores destacam numerosas semelhanças entre os processos mentais que ocorrem nos sonhos e na loucura.
- Realização de desejos: Tanto nos sonhos quanto nas psicoses, há uma tendência a realizar desejos e fantasias, muitas vezes de forma distorcida e ilógica.
Considerações:
Freud argumenta que a compreensão dos sonhos pode contribuir para uma melhor compreensão dos distúrbios mentais, e vice-versa. Ele sugere que a chave para desvendar os mistérios de ambos os fenômenos reside na busca por uma teoria unificada que explique a realização de desejos tanto nos sonhos quanto nas psicoses.
por Leonid R. Bózio
Foz do Iguaçu, inverno de 2024 anno Domini
Em um de seus casos,
o sonho relevante foi seguido de ataques histéricos brandos e, posteriormente,
de um estado de melancolia de angústia. pg. 97
“O homem atormentado pelo sofrimento físico e mental obtém dos sonhos
o que a realidade lhe nega: saúde e felicidade. Do mesmo modo, há na doença
mental imagens brilhantes de felicidade, grandiosidade, eminência e riqueza. A
suposta posse de bens e a realização imaginária de desejos — cujo refreamento
ou destruição realmente fornecem uma base psicológica para a loucura —
constituem muitas vezes o conteúdo principal do delírio. Uma mulher que
tenha perdido um filho amado experimenta as alegrias da maternidade em seu
delírio; um homem que tenha perdido seu dinheiro julga-se imensamente
rico; uma moça que tenha sido enganada sente que é ternamente amada.”
(Esse trecho de Radestock é, na verdade, um resumo de uma aguda
observação feita por Griesinger (1861, p. 106)
p.98
Para Freud, a psicose representa um conflito entre o ego e a realidade externa. Diferentemente da neurose, onde o conflito é interno (entre o ego e o id), na psicose o indivíduo tende a negar ou distorcer a realidade para proteger seu ego de uma frustração intensa.
Em resumo:
Fuga da realidade: O indivíduo psicótico cria um mundo interno que se afasta da realidade externa, como uma forma de defesa.
Predominância do id: Os impulsos do id (prazer, agressividade) ganham força e moldam a percepção da realidade.
Perda do contato com a realidade: Alterações na percepção, delírios e alucinações são comuns, indicando uma ruptura com o mundo externo.