Carnaval e PrEP: o Aumento de Doenças Venéreas

Carnaval e PrEP: O Carnaval é sinônimo de celebração, desinibição e, para muitos, uma oportunidade de viver intensamente. No entanto, esse período também é marcado por um aumento expressivo nos casos de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), um fenômeno que observo frequentemente em minha clínica psicanalítica. A Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), um medicamento revolucionário na prevenção do HIV, tem se tornado uma ferramenta essencial para reduzir a transmissão do vírus. Apesar disso, percebo que, mesmo com o uso da PrEP, há um crescimento de outras doenças venéreas, como sífilis, gonorreia e clamídia, durante o Carnaval. Neste artigo, utilizo uma perspectiva freudiana para explorar essa contradição, analisando como o inconsciente influencia o comportamento sexual e a percepção de risco nesse contexto festivo.

 


PrEP: Uma Solução Eficaz com Limites Claros

 

A PrEP é um método preventivo que envolve o uso diário de antirretrovirais por pessoas não infectadas pelo HIV, mas expostas a situações de risco. Quando tomada corretamente, ela reduz em até 99% a chance de contrair o vírus, tornando-se uma aliada poderosa na luta contra a epidemia de HIV. Contudo, é importante destacar que a PrEP não protege contra outras DSTs. Em minha prática clínica, noto que muitos pacientes, confiantes na proteção contra o HIV, relaxam no uso de preservativos, especialmente durante o Carnaval — um período de aumento nas relações casuais, potencializado por álcool e outras substâncias. Esse comportamento eleva a vulnerabilidade a infecções que a PrEP não consegue prevenir.

 


Freud e o Comportamento Sexual no Carnaval

 

Para entender por que isso acontece, recorro às teorias de Sigmund Freud sobre a psique humana. Freud dividiu a mente em três partes: o id, o ego e o superego. O id representa os desejos instintivos, como a busca pelo prazer sexual imediato. O superego, por outro lado, é a voz da moralidade, que impõe regras e limites. O ego atua como mediador, equilibrando esses impulsos com a realidade.

 

No Carnaval, a atmosfera de liberdade e euforia parece enfraquecer o superego. O id ganha força, impulsionando comportamentos impulsivos e arriscados, enquanto o ego, influenciado pela sensação de segurança proporcionada pela PrEP, pode subestimar os riscos de outras DSTs. Em minha clínica, vejo pacientes que relatam uma entrega total à festa, onde a racionalidade cede espaço à busca desenfreada pelo prazer — uma dinâmica que Freud poderia descrever como o triunfo temporário do princípio do prazer sobre o princípio da realidade.

 


Repressão e Negação: O Inconsciente em Ação

 

Outro conceito freudiano relevante é a repressão, o processo pelo qual o ego afasta da consciência ideias ou impulsos desconfortáveis. Durante o Carnaval, percebo que muitos reprimem o conhecimento sobre os riscos de DSTs, mesmo estando cientes da importância do uso de preservativos. Essa repressão pode se transformar em negação, um mecanismo de defesa que minimiza a percepção de perigo em prol da gratificação imediata.

 

A PrEP, nesse contexto, às vezes assume um papel simbólico. Em termos psicanalíticos, ela pode ser fetichizada, tornando-se um objeto de confiança que mascara ansiedades mais profundas sobre a saúde sexual. Essa ilusão de invulnerabilidade, que observo em alguns pacientes, contribui para o aumento de doenças venéreas, apesar da proteção contra o HIV.

 


O Carnaval como Fenômeno Coletivo

 

Freud também escreveu sobre a psicologia das massas, sugerindo que, em grupo, os indivíduos tendem a abandonar parte de sua racionalidade em favor de um comportamento mais instintivo. O Carnaval exemplifica isso: multidões em êxtase criam um inconsciente coletivo que suprime o ego individual. Nesse ambiente, a percepção de risco diminui, e o uso inconsistente de preservativos — mesmo entre usuários de PrEP — reflete essa regressão a um estado mais primitivo, onde o prazer prevalece sobre a cautela.

 


Considerações: Carnaval e PrEP o Aumento de Doenças Venéreas

 

A PrEP é uma conquista notável na prevenção do HIV, mas sua eficácia não elimina a necessidade de uma abordagem mais ampla para a saúde sexual. Em minha clínica, constato que o aumento de outras doenças venéreas durante o Carnaval reflete não apenas escolhas conscientes, mas também as forças do inconsciente — da repressão à influência do coletivo. Para enfrentar esse desafio, campanhas de saúde devem ir além da promoção da PrEP, reforçando a importância dos preservativos e incentivando a autorreflexão.

 

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por Leonid R. Bózio
Brasília, no primeiro dia de  carnis levale  de 2025 anno Domini

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