As Feridas Narcísicas de Freud

As Feridas Narcísicas de Freud: um impacto na percepção humana – Freud trouxe uma série de contribuições para a compreensão do inconsciente humano, mas talvez a mais impactante seja sua ideia das “feridas narcísicas” sofridas pela humanidade. Essas feridas, na visão de Freud, questionam o lugar de destaque que o homem atribui a si mesmo, desafiando a posição central que a humanidade acreditava ocupar no universo, na natureza e na própria mente. Neste artigo, vamos explorar as três feridas narcísicas e entender como elas influenciaram a forma como a psicanálise vê o ser humano.

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O que são as Feridas Narcísicas de Freud?

Freud comparou sua teoria a uma ferida que abalou a autopercepção da humanidade. Segundo ele, a humanidade sofreu três “feridas narcísicas” ou “golpes no ego”:

  1. Ferida Copernicana: Quando Copérnico revelou que a Terra não era o centro do universo, a humanidade foi despojada de sua posição central no cosmos. Essa descoberta foi um choque para a visão de mundo centrada no homem.
  2. Ferida Darwiniana: A segunda ferida foi infligida por Darwin, que mostrou que os seres humanos não são criaturas divinas, mas parte da evolução animal. Isso questionou a superioridade humana sobre outras formas de vida, colocando a humanidade em um contínuo natural.
  3. Ferida Psicanalítica: A terceira e última ferida veio com a psicanálise de Freud, que trouxe a noção de que nossa mente consciente não é autônoma. Freud introduziu a ideia de que o inconsciente governa grande parte de nossos desejos, emoções e comportamentos, desafiando a ideia de que o “eu” é pleno e soberano.

Essas feridas são chamadas “narcísicas” porque afetam diretamente o narcisismo humano – a tendência de colocarmos a nós mesmos como centro e padrão de tudo.

O Impacto da Ferida Psicanalítica

A psicanálise, ao introduzir o conceito de inconsciente, alterou profundamente a visão do homem sobre si mesmo. Antes de Freud, acreditava-se que as pessoas tinham controle total sobre suas ações, desejos e pensamentos. Freud, no entanto, propôs que grande parte da mente opera de forma inconsciente, ou seja, fora do controle direto da consciência.

Na perspectiva freudiana, o inconsciente é o verdadeiro regente da mente, carregando desejos reprimidos, memórias esquecidas e motivações inconscientes. Essa descoberta foi um golpe doloroso para o ego humano, que sempre se considerou dono de si. Na prática, a ideia de que somos controlados por forças internas das quais pouco sabemos tornou-se uma das bases da psicanálise.

A Relevância da Ferida Narcísica na Psicanálise

A ferida psicanalítica causou enorme resistência na sociedade e, ainda hoje, provoca debates. Ao desvendar a influência do inconsciente, Freud não apenas desafiou a visão tradicional da mente, mas também expôs o lado oculto da psique, que muitas vezes foge ao controle e à lógica consciente.

Para a psicanálise, o inconsciente é central. Freud defendia que o verdadeiro entendimento dos processos mentais passa pelo reconhecimento das pulsões inconscientes e da sexualidade reprimida, elementos que muitos preferem ignorar. Isso mostra que a consciência não possui o domínio completo do “eu”, e que somos, em grande medida, influenciados por impulsos fora de nosso controle.

As Feridas Narcísicas de Freud e a Cultura Contemporânea

As feridas narcísicas de Freud têm implicações que vão além da psicanálise e continuam a impactar a forma como as pessoas entendem a mente humana, as relações sociais e o desenvolvimento pessoal. A ideia de que não temos controle pleno sobre nossos desejos e motivações nos ajuda a entender a complexidade dos relacionamentos, dos conflitos internos e das decisões aparentemente ilógicas que tomamos.

Essas feridas narcísicas continuam a desafiar a sociedade moderna, que valoriza o autocontrole e a autonomia. A aceitação de que o inconsciente molda grande parte de nossas vidas abre espaço para uma autoexploração mais profunda e honesta, além de questionar crenças sobre liberdade e identidade.

Considerações: As Feridas Narcísicas de Freud

Freud nos levou a olhar para dentro de nós mesmos e a aceitar que nem tudo que pensamos e sentimos está sob nosso controle. As feridas narcísicas, ao questionar a centralidade da humanidade, são um lembrete constante de nossa fragilidade e complexidade como seres humanos.

A psicanálise nos convida a explorar esses aspectos inconscientes e a entender melhor o funcionamento da mente humana. Com o tempo, a aceitação das feridas narcísicas pode trazer um autoconhecimento profundo, transformador e essencial para o bem-estar e a saúde mental.

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por Leonid R. Bózio
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