A Interrupção de Sessão na Psicanálise: o papel do analisando e do psicanalista

Na prática psicanalítica, o corte de uma sessão por parte do analista é um recurso comum, especialmente em abordagens como a lacaniana, onde o “corte” pode ser utilizado para marcar um momento significativo no discurso do paciente, no entanto, o que acontece quando o paciente decide interromper a sessão? Essa situação, embora menos discutida, também faz parte do processo terapêutico e levanta questões importantes sobre a dinâmica da análise.

É perfeitamente aceitável que o analisando encerre a sessão se sentir essa necessidade. A relação terapêutica é colaborativa e, portanto, deve respeitar tanto os limites quanto as necessidades de quem está sendo analisado. Seja por desconforto, por um insight que precise de tempo para ser processado, ou simplesmente por um esgotamento emocional momentâneo, a interrupção da sessão pelo paciente pode ser um ponto relevante a ser explorado posteriormente.

A aceitação natural do corte por parte do analista indica um ambiente terapêutico saudável, no qual há respeito mútuo e abertura para as necessidades do analisando que é soberano sobre o seu tempo e sobre o momento em que precisa processar o que foi discutido, comparando a necessidade de interromper a sessão ao ato de parar de comer para digerir um alimento. Também é importante entender o que motiva a interrupção por parte do paciente. Questões como resistência ao processo terapêutico ou o surgimento de temas difíceis podem estar presentes, e trazer isso para a análise é fundamental para o progresso do tratamento.

Independentemente do motivo, o ponto central é que a interrupção da sessão, seja pelo psicanalista ou pelo analisando, não é um fracasso da análise, mas sim uma oportunidade de aprofundamento. O que é dito — ou não dito — nesses momentos pode revelar questões inconscientes que precisam ser trabalhadas.

Nesse contexto, tanto o psicanalista quanto o analisando têm um papel ativo na condução da sessão e, ao permitir a interrupção quando necessário, o processo terapêutico se torna mais flexível e adaptado às necessidades individuais. O desenrolar está na comunicação aberta e no respeito mútuo, garantindo que a análise continue evoluindo de forma construtiva e significativa.

Em considerações finais sobre o assunto, que não se esgota, na psicanálise, o corte da sessão, seja por parte do analista ou do analisando, reflete a dinâmica particular daquele momento terapêutico. O mais importante é que ambos estejam atentos às necessidades e sinais que surgem durante o processo, usando esses momentos como oportunidades para crescimento e entendimento mais profundo.

Leonid R. Bózio
Brasília, no auge da seca de setembro de 2024 anno Domini

2 thoughts on “A Interrupção de Sessão na Psicanálise: o papel do analisando e do psicanalista”

  1. Tem a questão do tempo de duração da análise q tb acho interessante abordar.
    Para alguns a análise é pra sempre e nessa perspectiva os críticos ressaltam q isso geraria uma dependência do analisando em relação ao analista.
    Os defensores alegam q a análise seria p vida toda pq a vida é dinâmica e a angústia q levou o analisando ao setting terapêutico pode ter sido elaborada, mas virão outras no percurso do caminho. E por isso a análise “eterna”
    Já alguns acreditam q a análise tem seu fim qdo o analisando já se encontra apto a fazer suas próprias elaborações.
    Nesse sentido, os opositores, ressaltam q a intervenção do analista é fundamental sempre, msm qdo já se tem conhecimento da psicanálise, prova disso seria q psicanalistas tb devem fazer análise e inclusive supervisão. Pois qdo a angústia nos transpassa ou a contratransferência vem, dificilmente conseguimos uma elaboração satisfatória sozinhos.
    Conforme os argumentos acima, poderíamos dizer q não existe certo ou errado, o q vale é q cada caso é um caso e conforme ele vai se apresentando vai se delineando o q seria mais viável.
    (Esse recorte pode sofrer alteração conforme as discussões rs)

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