O caso de Herbert Graf, mais conhecido como o “Pequeno Hans”, é um dos grandes marcos da história da psicanálise. Analisado sob a supervisão de Sigmund Freud, o tratamento do menino de cinco anos proporcionou insights cruciais sobre o desenvolvimento infantil, a sexualidade e o complexo de Édipo. Este artigo explora o caso, suas implicações para a teoria psicanalítica e como ele contribuiu para moldar a psicanálise moderna.
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Quem Foi o Pequeno Hans?
O caso do Pequeno Hans envolveu Herbert Graf, filho de Max Graf, um seguidor da psicanálise freudiana. Freud publicou o relato da análise em 1909, mas o caso já havia sido mencionado em artigos anteriores, nos quais o pai do menino documentava as observações sobre a sexualidade infantil do filho, a partir dos três anos de idade. Em 1972, Graf revelou sua identidade ao público em entrevistas, confirmando ser o famoso “menino de cinco anos” do relato de Freud.
A Fobia de Cavalos e o Complexo de Castração
O sintoma central do caso era uma fobia intensa de cavalos. Hans passou a temer que esses animais o mordessem, uma ansiedade que, de acordo com Freud, simbolizava o medo inconsciente do menino em relação ao pai e à ameaça de castração, frequentemente associada ao complexo de Édipo. O interesse inicial de Hans pelo “faz-pipi” (seu pênis) foi reprimido após advertências da mãe e se manifestou como fobia. Freud interpretou que o cavalo representava o pai, e o medo de ser mordido remetia à ameaça de castração, um mecanismo típico de deslocamento na formação de fobias infantis.
A Dinâmica Familiar e o Desenvolvimento Psicossexual
O nascimento de sua irmã caçula, Anna, aos três anos e meio, desencadeou ciúmes em Hans. Ele alternava entre acreditar na história da cegonha que traz bebês e demonstrar uma curiosidade aguçada sobre o processo de nascimento, refletido em suas observações das bacias de sangue e dos instrumentos médicos no quarto da mãe após o parto. Esse momento crítico na vida de Hans, junto com o desenvolvimento de seu interesse pela anatomia sexual, evidenciou uma série de comportamentos polimorfamente pervertidos, como Freud observou. Hans demonstrou curiosidade tanto pelos órgãos femininos quanto masculinos, exibindo elementos de autoerotismo e poligamia.
O Papel de Freud no Tratamento
Embora a análise fosse conduzida por Max Graf, Freud supervisionou o tratamento, fornecendo interpretações que ajudaram a desvelar os conflitos inconscientes de Hans. Em uma sessão com Freud, o menino associou sua fobia de cavalos ao medo do pai, que “gostava tanto da mãe”. Essa intervenção de Freud provocou uma melhora nos sintomas, mostrando a eficácia do trabalho analítico.
Conclusão: A Importância do Caso Pequeno Hans na Psicanálise
O caso do Pequeno Hans é um exemplo emblemático da teoria psicanalítica aplicada ao desenvolvimento infantil. Ele ilustra a complexidade dos processos inconscientes, como o complexo de Édipo e o desenvolvimento da sexualidade infantil, que Freud descreveu em seus “Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade”. Além disso, o caso reforçou a relevância do complexo de castração como uma estrutura psíquica fundamental na formação de neuroses infantis. Até hoje, o caso permanece uma referência indispensável nos estudos sobre a infância e o desenvolvimento psíquico.
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por Leonid R. Bózio
Brasília, de 2024 anno Domini
Fonte: Dicionário de psicanálise por Michel Plon e Elisabeth Roudinesco
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