Filme “Poesia” e o Alzheimer: A Poética Despedida de Si Mesmo

“Poesia” (2010): O filme sul-coreano Poesia (2010), dirigido por Lee Chang-dong, oferece uma comovente e sensível reflexão sobre o Alzheimer, explorando a maneira como essa doença afeta a vida e a identidade de uma mulher na terceira idade. Yang Mi-ja, a protagonista, é uma avó de 66 anos que enfrenta um diagnóstico precoce de Alzheimer, ao mesmo tempo que descobre que seu neto está envolvido em um crime hediondo. Enquanto sua memória começa a se deteriorar, ela decide buscar refúgio na poesia, matriculando-se em um curso de escrita, onde recebe a tarefa de compor um poema.

O Alzheimer, nesse contexto, não é apenas uma doença que apaga memórias, mas também uma metáfora poderosa para o desaparecimento gradual de quem somos. Mi-ja, que está perdendo suas capacidades cognitivas, tenta capturar a beleza das coisas simples da vida — flores, árvores, o céu — em suas anotações, como uma tentativa de resistir ao esquecimento. A perda da linguagem, uma das primeiras manifestações da doença, torna sua jornada ainda mais dolorosa, pois a poesia é justamente uma ferramenta para expressar aquilo que ela já não consegue reter.

Poesia oferece uma abordagem sutil sobre o Alzheimer, destacando não apenas o impacto da doença, mas também a resiliência diante da perda. À medida que Mi-ja se desliga gradualmente do mundo ao seu redor, sua luta para escrever um único poema torna-se uma despedida silenciosa de si mesma. A obra nos lembra que, mesmo quando as palavras falham, a busca pela beleza e pelo significado persiste — até o último momento.

Este filme não é apenas um retrato comovente da doença, mas uma meditação poética sobre a fragilidade humana. Para aqueles que convivem com o Alzheimer, seja como pacientes ou cuidadores, Poesia oferece uma poderosa mensagem: mesmo nas fases finais da vida, há uma luta íntima pela dignidade, pela arte e pela conexão com o mundo.

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Trailer do filme Poesia

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