As Sete Escolas da Psicanálise: Um Panorama

As Sete Escolas da Psicanálise: Um Panorama sobre a Diversidade Teórica e Prática: A história da psicanálise é marcada por uma diversidade teórica, que foi se desenvolvendo a partir da obra seminal de Sigmund Freud, ao longo do tempo, surgiram várias escolas psicanalíticas, cada uma com suas próprias contribuições e abordagens clínicas. Antigamente, os analistas se identificavam exclusivamente com uma única escola e buscavam destacar o que diferenciava cada autor, hoje, porém, há uma tendência oposta, com um foco maior naquilo que une as diversas correntes. Contudo, tanto a adesão rígida a uma única linha quanto um ecletismo excessivo podem ser problemáticos.

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Este artigo tem como base o livro Manual de Técnica Psicanalítica: Uma Re-Visão de David Zimerman e pretende situar o leitor em relação às principais escolas da psicanálise e suas contribuições, sem a pretensão de esgotar o tema. As sete escolas a serem destacadas, baseadas em seus fundadores, são:

  1.  Escola Freudiana
  2. Teóricos das Relações Objetais – Melanie Klein
  3. Psicologia do Ego – Ernst Hartmann a Margaret Mahler
  4. Psicologia do Self – Heinz Kohut
  5. Escola Francesa – Jacques Lacan
  6. Escola de Winnicott
  7. Escola de Bion.

As Sete Escolas da Psicanálise: O Conceito de “Escola Psicanalítica”

Antes de apresentar essas escolas, é importante esclarecer o que entendemos por “escola psicanalítica”. O termo refere-se a correntes de pensamento que atendem a quatro critérios fundamentais:

  1. Aporte de conceitos originais.
  2. Aplicabilidade desses conceitos na prática clínica.
  3. Influência duradoura sobre gerações de psicanalistas.
  4. Capacidade de inspirar novos desenvolvimentos teóricos.

Assim, Winnicott e Bion, embora geralmente relacionados à tradição kleiniana, são considerados aqui como autores de escolas próprias, devido à originalidade e influência de seus trabalhos.

1. Escola Freudiana

Fundada por Sigmund Freud, a psicanálise freudiana é a base de todas as demais escolas. Freud introduziu conceitos como o inconsciente, a repressão, a transferência e a interpretação dos sonhos, que ainda são centrais na prática psicanalítica; desenvolveu a teoria do modelo estrutural da mente (id, ego e superego) e a teoria do desenvolvimento psicossexual. A abordagem freudiana continua sendo um ponto de partida fundamental para qualquer estudo ou prática psicanalítica. Veja mais: Escola Freudiana

2. Teóricos das Relações Objetais – Melanie Klein

Melanie Klein é a figura central desta escola, que enfatiza as primeiras relações do bebê com objetos (geralmente, a mãe) e como essas relações moldam o desenvolvimento psíquico. Klein introduziu conceitos como a posição esquizoparanóide e a posição depressiva, além de desenvolver técnicas de análise de crianças. Sua obra influenciou profundamente a psicanálise, especialmente no Reino Unido. Veja mais: Teóricos das Relações Objetais – Melanie Klein

3. Psicologia do Ego – Ernst Hartmann a Margaret Mahler

A Psicologia do Ego foca no papel do ego no desenvolvimento e na adaptação do indivíduo à realidade. Hartmann e Mahler contribuíram para essa escola com estudos sobre a autonomia do ego e a separação-individuação, respectivamente. O foco é menos nas forças inconscientes e mais no fortalecimento das funções do ego para lidar com as demandas internas e externas. Veja mais sobre: Psicologia do Ego – Ernst Harmann a Margaret Mahler

4. Psicologia do Self – Heinz Kohut

Heinz Kohut desenvolveu a Psicologia do Self, que enfatiza a importância do self como uma estrutura central da experiência subjetiva. Kohut articulou conceitos como narcisismo e empatia, e sua abordagem é especialmente útil no tratamento de distúrbios narcísicos. Ele trouxe uma nova perspectiva ao valorizar o desenvolvimento de um self coeso e a relação entre o analista e o paciente. Veja mais sobre: Psicologia do Self – Heinz Kohut

5. Escola Francesa – Jacques Lacan

Jacques Lacan é uma das figuras mais controversas da psicanálise. Ele reinterpretou a obra de Freud por meio da linguística, da filosofia e do estruturalismo, introduzindo conceitos como o “estádio do espelho” e o “desejo do Outro”. A Escola Lacaniana é conhecida por seu foco na linguagem e na dimensão simbólica do inconsciente, propondo que o inconsciente está estruturado como uma linguagem. Veja mais sobre: Escola Francesa – Jaques Lacan

6. Escola de Winnicott

Donald Winnicott, muitas vezes associado à escola kleiniana, desenvolveu uma abordagem única com base no conceito de “espaço transicional” e no “falso self”. Ele explorou o papel do ambiente e da relação mãe-bebê no desenvolvimento emocional, trazendo um foco na criatividade e no brincar como parte essencial do desenvolvimento psíquico. Sua contribuição vai além de Klein, justificando seu lugar como fundador de uma escola própria. Veja mais: Escola de Winnicott .

7. Escola de Bion

Wilfred Bion é amplamente conhecido por seu trabalho sobre grupos e por suas teorias sobre a função alfa e a contenção. Embora tenha começado como seguidor de Klein, Bion desenvolveu um sistema teórico distinto, especialmente no que diz respeito à capacidade do analista de conter e transformar experiências emocionais primitivas do paciente. Suas ideias sobre “pensamento” e “não-pensamento” são amplamente estudadas e aplicadas. Veja mais: Escola de Bion

As Sete Escolas da Psicanálise: A Pluralidade na Psicanálise Atual

Na psicanálise contemporânea, há uma tendência crescente de pluralismo teórico. Muitos analistas buscam integrar as contribuições de várias escolas, sem se prender a uma única abordagem. Essa multiplicidade de perspectivas permite uma prática clínica mais rica, onde diferentes vértices teóricos podem ser utilizados conforme a necessidade do paciente. Entretanto, essa pluralidade deve ser exercida com cautela, evitando cair em um ecletismo superficial.

 

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Fonte: Manual de Técnica Psicanalítica: Uma Re-Visão por David E. Zimerman

 

por Leonid R. Bózio
Brasília, final do suposto inverno, em período de muita fumaça de 2024 anno Domini

10 thoughts on “As Sete Escolas da Psicanálise: Um Panorama”

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  3. Esse último parágrafo era exatamente o q pensei. Misturar tudo por misturar poderia virar um “monstrinho”. Mas como em psicanálise tudo se torna relativo ao sujeito, a grande sacada é saber o limiar das coisas e por isso o analista necessita estar em constante estudo p trabalhar a clínica e se inserir em grupos de confiança, pois sozinhos podemos nos perder facilmente.

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