- Um procedimento para a investigação de processos mentais que são quase inacessíveis por qualquer outro modo;
- Um método (baseado nessa investigação) para o tratamento de distúrbios neuróticos;
- Uma coleção de informações psicológicas obtidas ao longo dessas linhas, e que gradualmente se acumulou numa “nova” disciplina científica.
A psicanálise cresceu num campo muito restrito, o início, tinha como objetivo de compreender a natureza daquilo que era conhecido como neuroses, ou doenças nervosas ‘funcionais’, com com o objetivo de ajudar quem não estava encontrando soluções para seus conflitos mediante o tratamento médico tradicional. Para Freud, os neurologistas daquele período haviam sido instruídos a terem um elevado respeito por fatos físico-químicos e patológico-anatômicos e não sabiam o que fazer do fator psíquico por não entendê-lo. Assim sendo, o fator psíquico, desassociado ao rigor científico, era deixado para os filósofos, místicos, charlatães.
As origens da Psicanálise
Em 1882 quando Freud, médico recém-formado, trabalhou na clínica psiquiátrica de Theodor Meynert e, mais tarde, em 1885, com o médico francês Charcot, no Hospital Salpêtrière (Paris, França) é possível datar nesse período as origens da psicanálise. Sigmund Freud era um médico interessado em encontrar um tratamento efetivo para pacientes com sintomas neuróticos ou histéricos. Ao ouvir seus pacientes, Freud acreditava que seus problemas se originavam da não aceitação cultural; ou seja, seus desejos eram reprimidos, relegados ao inconsciente. Notou também que muitos desses desejos eram fantasias de natureza sexual. O método básico da psicanálise é o manejo da transferência e da resistência. O analisado, numa postura relaxada, é solicitado a dizer tudo o que lhe vem à mente, método da livre associação. Suas aspirações, angústias, sonhos e fantasias são de especial interesse na escuta, como também todas as experiências vividas são trabalhadas em análise. Escutando o analisado, o analista tenta manter uma atitude empática de neutralidade – uma postura de não julgamento, visando a criar um ambiente seguro.
A originalidade do conceito de inconsciente introduzido por Freud deve-se à proposição de uma realidade psíquica, característica dos processos inconscientes. Por outro lado, analisando-se o contexto da época, observa-se que sua proposta estabeleceu um diálogo crítico às proposições de Wilhelm Wundt (1832 — 1920) acerca da psicologia como a ciência que tem como objeto a consciência entendida na perspectiva neurológica da época, ou seja, opondo-se aos estados de coma e alienação mental.
Muitos colocam a questão de como observar o inconsciente. Se a Freud se deve o mérito do termo “inconsciente”, pode-se perguntar como teria sido possível, a ele, Freud, ter tido acesso ao inconsciente para poder verificar seu mecanismo, já que não é o inconsciente que dá as coordenadas da ação do homem na sua vida diária. De fato, não é possível abordar diretamente o inconsciente (Ics.), já que o conhecemos somente por suas formações: atos falhos, sonhos, chistes e sintomas diversos expressos no corpo. Nas suas conferências na Clark University (publicadas como “Cinco lições de psicanálise”), Freud recomenda a interpretação como o meio mais simples e a base mais sólida para conhecer o inconsciente.
Outro ponto a ser levado em conta sobre o inconsciente é que ele introduz, na dimensão da consciência, uma opacidade. Isto indica um modelo no qual a consciência aparece, não como instituidora de significatividade, mas sim como receptora de toda significação, desde o inconsciente. Pode-se prever que a mente inconsciente é um outro “eu”, e essa é a grande ideia: a de que temos no inconsciente uma outra personalidade atuante, em conjunto com a nossa consciência, mas com liberdade de associação e ação.
O modelo psicanalítico da mente considera que a atividade mental é baseada no papel central do inconsciente dinâmico. O contato com a realidade teórica da psicanálise põe em evidência uma multiplicidade de abordagens, com diferentes níveis de abstração, conceituações conflitantes e linguagens distintas. Mas isso deve ser entendido num dado contexto histórico-cultural e em relação às próprias características do modelo psicanalítico da mente.
Direcionamento:
Freud, Sigmund: Dois verbetes de enciclopédia
Freud, Sigmund: Uma breve descrição da psicanálise
Goodwin, C James: História da psicologia moderna
Freud, Sigmund: Cinco lições de psicanálise
Wikipedia: Psicanálise
Texto elaborado, traduzido, adaptado, organizado por Leonid R. Bózio.